A adolescência, período que vai dos 10 aos 20 anos segundo a OMS, é caracterizada por importantes transformações como: surgimento da puberdade, reorganização psíquica, surgimento ou intensificação de questões como sexualidade, identidade, mudanças comportamentais, socioculturais e espirituais com a busca e introdução de uma nova percepção de mundo.


A consulta com o adolescente deve abraçar sua individualidade e levar em consideração que nenhum paciente é igual ao outro. A consulta é realizada em três tempos: em um primeiro momento, para nos familiarizarmos com esse atendimento e essa nova dinâmica, pode ser realizada juntamente com os pais/responsáveis, depois com o paciente a sós e, posteriormente, um momento de feedback com a presença dos pais/responsáveis.

 


Muitos adolescentes acabam sendo levados ao consultório médico de forma obrigatória pelos pais, o que pode gerar uma situação de conflito. Nós, como médicos pediatras, devemos acolher e entender o adolescente, nos mostrarmos sinceros e estabelecer um ambiente de confiança, esclarecendo o seu direito ao sigilo e à privacidade, deixando claro quais serão os pontos de quebra desse sigilo com os pais/responsáveis: quando há risco grave à saúde ou integridade à vida do paciente ou de terceiros e que essa quebra não se dará sem o conhecimento do paciente.

 

Na consulta devemos abordar temas e questões que introduzem a vida adulta e que proporcionam a experimentação de mundo ao paciente e, nesse sentido, podemos atuar em medidas preventivas e de redução de danos. Temos que trazer os temas sobre educação, emprego, segurança, violência, sexualidade, sexo, uso de drogas, saúde mental e tantos outros que fazem parte da vida de um ser humano adulto.

 

No mais, devemos entender que adolescentes são sujeitos de deveres e direitos, dotados de capacidade atuante e em permanente construção, que necessitam ser estimulados a ter discernimento para expressar opiniões e responsabilizar-se por seus atos.

 

Como pessoas em condição especial de desenvolvimento, vão adquirindo autonomia, independência e maturidade nas relações que estabelecem em seus grupos de convivência e devem ter garantia de proteção integral e prioridade absoluta (Proteger e Cuidar da Saúde do Adolescente na Atenção Básica, MS 2016).

 

Fonte: Manual de Orientação do Departamento Científico de Adolescência da SBP.